"OS ÁRBITROS DE FUTEBOL PROFISSIONAL NÃO SABEM, MAS ACABARAM DE COMETER UM DOS MAIORES SUICÍDIOS COLETIVOS DE QUE HÁ MEMÓRIA." - DUARTE GOMES
Antigo árbitro internacional opina sobre a greve dos árbitros
O processo em torno desta “greve que não era bem greve” ou deste recuo no “pedido de dispensa que afinal só será daqui a vinte dias se”… é tão mau que, por muito que se queira defender o que quer que seja, não se consegue. Não se pode. E mais importante do que tudo, não se deve.
Comecemos pelo começo.
Há umas semanas, a APAF tornou público um comunicado que dava conta de uma possível intenção de greve por parte dos árbitros. Na altura, não se percebeu bem o motivo, a forma e o conteúdo: as coisas não estavam péssimas (estavam apenas más, como de costume), a jornada nem tinha corrido bem em termos de arbitragem e a coisa era apontada não para o imediato mas mais para a frente. A alegada paragem ocorreria, em exclusivo, na Taça da Liga (como se os clubes em questão não fossem os mesmos que competem na Primeira e Segunda Liga) e apenas no final de Novembro e Dezembro (com umas apitadelas pelo meio). Foi tão feio que tudo se desmoronou em poucos minutos, com uma curtíssima reunião com quem manda e meras palavras de circunstância para atenuar a dor.
Logo aí os árbitros deram dois tiros nos pés: o avanço público, impreparado e impulsivo para uma greve… e o recuo pouco depois, sem que nada de palpável, concreto ou razoável dali resultasse.
Na prática, tudo ficou na mesma à exceção da credibilidade da classe, que perdeu pontos aos olhos de tudo e todos.
Poucas semanas depois, o ambiente geral ficou, de facto, insustentável. E apenas alguém muito incapaz discordará da ideia que o futebol profissional bateu mesmo no fundo: as máquinas de propaganda florescem a um ritmo alucinante, numa guerrilha tripartida que ninguém pára nem consegue travar.