F

19.5.25

Faleceu o Comendador Jorge de Sá



Comendador Jorge Sá: Um Legado Madeirense de Visão, Trabalho e Humanismo

O Comendador Jorge Sá foi, sem dúvida, uma das figuras mais marcantes do tecido empresarial e social da Madeira. Ao longo de várias décadas, construiu um império assente no trabalho, na visão empreendedora e no compromisso com a comunidade. A sua história é um verdadeiro testemunho do que é possível alcançar com determinação e espírito inovador.
As Origens de um Visionário

A sua trajetória começou de forma humilde, com duas lojas na emblemática Rua Dr. Fernão de Ornelas, no Funchal. Mas foi em 1985 que deu um passo decisivo, fundando o Grupo Sá – conhecido popularmente como “Sá Supermercados”. A primeira loja abriu na Rua do Seminário, e rapidamente se percebeu que não seria a última.




 
Com um foco claro no cliente e no preço justo, refletido no famoso slogan “Olho no Preço”, Jorge Sá expandiu a sua rede de supermercados por toda a ilha da Madeira. Câmara de Lobos, Ribeira Brava, Santana, Caniço, Camacha, Machico – nenhuma destas localidades ficou de fora da sua visão de crescimento. No auge, o grupo chegou a empregar cerca de 1.500 pessoas, um contributo inestimável para a economia regional.

Jorge Sá não se limitou ao setor do retalho alimentar. Sempre com o olhar no futuro, investiu em várias áreas: panificação, torrefação de café, e até numa marca própria de cerveja – a “Sá”, em colaboração com a Empresa de Cervejas da Madeira. Também apostou no mercado lisboeta, com uma loja no Campo Pequeno, e chegou a considerar a internacionalização para os países africanos de língua portuguesa.

Para além disso, adquiriu imóveis emblemáticos no Funchal, como o histórico Bazar do Povo, e diversificou os seus investimentos em ourivesarias e lojas de loiças. Esta capacidade de se reinventar, mesmo perante as adversidades, mostra bem a fibra do empresário que era.

Apesar dos sucessos, Jorge Sá enfrentou desafios significativos, incluindo dificuldades financeiras que marcaram os últimos anos da sua vida empresarial. Ainda assim, nunca deixou de lutar – com coragem e dignidade – pelos seus ideais.

O seu amor pelo desporto também ficou bem vincado, sobretudo através do seu envolvimento com o Club Sport Marítimo. A sua ligação ao clube começou na década de 1980, integrando os órgãos sociais e participando ativamente na sua reestruturação financeira. Apoiou a transição para a SAD, mantendo sempre uma presença discreta mas firme na vida do clube.


Mais do que um empresário, Jorge Sá foi um homem de afetos, de família, e de um profundo sentido de responsabilidade social. Deixou três filhos – Jorge Cipriano, Rui Filipe e Vítor – e uma obra que continua a inspirar. O seu falecimento foi sentido por toda a Madeira, e não apenas pelo mundo empresarial: foi um verdadeiro homem do povo, respeitado por todos os quadrantes da sociedade.

O seu legado vive na memória de quem trabalhou consigo, nas ruas onde os seus supermercados marcaram gerações, e no coração dos madeirenses que continuam a olhar para ele como exemplo de coragem, perseverança e humanidade.



















c.e.a