O V Fórum Mundial sobre o Holocausto terá lugar em Jerusalém esta semana para assinalar o 75º aniversário da libertação dos campos de Auschwitz-Birkenau, cujo lema é : "Lembrando o Holocausto, combatendo o antissemitismo". O encontro vai assinalar os 75 anos da libertação do campo de concentração de Auschwitz. Presentes estarão mais de 30 presidentes ou chefes de Estados de diversos países, incluindo o nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa que estará presente em Jerusalém de 21 a 24 deste mês.
Ainda nos primeiros seis meses deste ano, haverá lugar a inauguração da Praça Aristides Sousa Mendes em Jerusalém e que ficará nas imediações do Yad Vashem — Centro de Memória do Holocausto, tendo o embaixador de Israel em Lisboa convidado o Presidente da República Portuguesa segundo notícia do Espresso.
Aristides Sousa Mendes
Para quem não sabe, Aristides Sousa Mendes foi um diplomata português nascido a 19 de Julho de 1885 em Cabanas de Viriato - Portugal - e falecido a 3 de Abril de 1954, que emitiu vistos que salvaram milhares de refugiados do Holocausto nazi, quebrando as regras e ignorando instruções do Governo de Salazar.
Foi descrito pela natgeo, como o "Herói sem Capa". Tido como um ser humano de bom coração, não foi bem tratado pela história portuguesa.
Licenciou-se em Direito na Universidade de Coimbra e mudou-se para Lisboa em 1907. Casou-se com a prima Angelina em 1908 e dessa união, nasceram catorze filhos.
Nas vésperas de começar a Segunda Guerrra Mundial, Salazar nomeou-o para cônsul em Bordéus, França no ano de 1938.
Sendo país neutro durante a II Guerra Mundial, e sob a ditadura de Salazar, o governo fez chegar a todos os diplomatas a ordem de recusar vistos a todos os refugiados, até aprovação, incluindo judeus, russos, apátridas e quem era perseguido pelo regime nazi. Essa ordem era a famosa "Circular 14".
Tendo Espanha negado os vistos aos refugiados judeus, e depois de ter tentado persuadir o governo de Lisboa a retirar a suspensão dos vistos, e vê-la negado, Aristides de Sousa Mendes tomou a decisão de emitir vistos sem distinção de raça ou religião em Junho de 1940.
Vistos emitidos por Aristides de Sousa Mendes
De 17 a 19 de junho de 1940, o cônsul Aristides trabalhou afincadamente, com ajuda dos filhos, na emissão de vistos e emitidos ou mandado emitir por ele, os vistos foram na ordem de alguns milhares até cerca de trinta mil vistos.
A 20 de Junho de 1940, recebeu um telegrama a ordenar a sua comparência em Lisboa para justificar o porquê da desobediência.
Foi demitido de consul, suspenso por um ano, desceu de categoria e foi aposentado por Salazar nesse mesmo ano, por ter ajudado os refugiados a obterem os vistos, castigando assim Aristides de Sousa Mendes.
Perdeu o direito de exercer advocacia e retiraram-lhe a carta de condução emitida no estrangeiro.
Ainda em 1940 quando se mudou para casa de um primo em Lisboa, a sua casa serviu de refúgio a alguns refugiados que tinham obtido o visto de Aristides.
Com o salário penhorado, Aristides Sousa Mendes passou muitas dificuldades com a sua família.
Por estas razões, Aristides e a sua família chegou a frequentar a cantina da assistência judaica internacional onde afirmou: "Nós também, nós somos refugiados".
Quando a esposa de Aristides faleceu em 1948, e com demasiadas dificuldades, os seus filhos emigraram para os Estados Unidos ajudados pela Comunidade Judaica de Lisboa.
Os últimos anos de sua vida foram muito difíceis, tendo de vender tudo o que tinha para pagar dívidas e sobreviver, tendo falecido no dia 3 de Abril de 1854, em Lisboa num hospital Franciscano. A sua única companhia era uma sobrinha. O herói estava tão miserável que foi enterrado sem fato, num traje cedido por caridade.
Doze anos depois da sua morte, veio o primeiro reconhecimento quando em 1966, Yad Vashem lhe prestou homenagem no memorial do Holocausto em Jerusalém e atribuíu-lhe o título de “Justo Entre as Nações”.
Reabilitando a memória de Aristides de Sousa Mendes, Mário Soares condecorou-o a título póstumo com o grau de Oficial da Ordem da Liberdade em 1986.
Em 2016, foi elevado a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
c.e.a